Os sintomas da mãe que amamenta são tão importantes como os do bebé

Artigo original:A BREASTFEEDING MOM’S SYMPTOMS ARE AS IMPORTANT AS THE BABY’S”

Autor:  BOBBY GHAHERI, MD

  • Tradução para português por Ana Custódio (autorizada pelo autor)

Embora a maioria das mães preferisse amamentar em exclusivo, sintomas negativos na mama podem impedir que isto seja possível.

Muitas vezes oiço as mães dizerem que se sentem egoístas por sujeitar o seu bebé a um procedimento médico, principalmente se não há nenhum problema no bebé relacionado com a amamentação.

O argumento contra este sentimento é fácil: qualquer coisa que comprometa a capacidade da mãe amamentar, obviamente coloca o bebé de alguma maneira em risco.

Sou da opinião de que esses bebés devem ser amamentados pelo máximo tempo possível sem que nenhuma situação exterior os force a desmamar. Por vezes isso significa focar-nos nos sintomas da mãe em vez dos do bebé, se os dela forem piores.

Quais são algumas das consequências para a mãe de uma má pega devido a freio de língua curto ou freio do lábio curto?

  • Mamilos gretados – Esta está entre as consequências mais óbvias de uma má pega provocada por freio de língua ou freio do lábio curto. Se o bebé não consegue colocar o lábio superior para fora de maneira apropriada, o lábio enrola para dentro o que faz com que a pega seja mais superficial. Adicionalmente, se a língua estiver também presa, não consegue levantar a mama dentro da cavidade oral, e a gengiva inferior fica exposta. Quando o lábio superior e a gengiva inferior são o que está a ser usado para fazer a pega à mama podem ocorrer danos nos mamilos. Os primeiros sinais são a mudança de forma do mamilo após a mamada. Os mamilos podem ficar amachucados ou achatados, ou saírem esbranquiçados devido à compressão e falta de irrigação sanguínea. Se o trauma é persistente ou severo podem ocorrer gretas, fissuras ou bolhas. Em casos severos pode ocorrer sangramento e aparecimento de crostas. Mesmo que a pega melhore depois do tratamento, há mães que ficam com danos nos nervos e continuam a sentir dores que podem não passar com o tempo.
  • Dor – Este é um dos sintomas mais comuns que as mães têm. Infelizmente é um dos mais desvalorizados pelos profissionais de saúde. Muitos são os que rapidamente propagam o mito de que a dor é normal na amamentação. Amamentação dolorosa é comum, mas isso não quer dizer que seja normal. Existe alguma sensibilidade no início da amamentação? Claro, mas isso não é o que estou aqui a descrever. Aquela dor de se encolher toda que muitas vezes acompanha a amamentação de um bebé com o freio de língua curto pode ser tão forte que a mãe começa a recear amamentar. Mesmo quando a dor não é tão forte, mas está presente, o desconforto persistente pode levar na maior parte dos casos a um desmame precoce.
  • Má ou incompleta drenagem da mama – Há imensas razões pelas quais um bebé pode não esvaziar a mama. Isto inclui adormecer prematuramente na mama, ser incapaz de fazer uma selagem perfeita ou usar a língua corretamente para exercer a pressão negativa necessária dentro da cavidade oral para mamar. Qualquer que seja a razão, leite estagnado na mama pode ser indicativo de problemas futuros com baixa produção de leite. Também pode levar a desenvolvimento de mastites.
  • Doença da mama – Finalmente, qualquer situação que ameace a saúde da mama pode comprometer a produção de leite. Num cenário de má pega, os mamilos da mãe podem desenvolver infecções devido às gretas. Isto pode levar a um abscesso mamário. Traumas na superfície da mama podem levar a contágio de sapinhos de e para o bebé. Infecções bacterianas superficiais, bolhas ou ductos entupidos também podem acontecer. Um dos piores problemas de uma má pega é a mastite, e por vezes de repetição. Se uma mãe tem mastites de repetição, eu avalio sempre se há alguma restrição na boca do bebé como potencial causa primária. Mastite pode levar a internamento hospitalar e a uma quebra repentina na produção de leite, por isso tem de ser levada a sério.

É essencial que olhemos para a amamentação como um esforço de equipa se queremos alcançar sucesso a longo prazo em bebés que de outro modo seriam anatomicamente incapazes de fazer uma boa pega. Se um bebé é completamente saudável e está a crescer bem mas a mãe está constantemente doente ou tão traumatizada que evite amamentar frequentemente, nós falhamos considerar a díade no nosso apoio.

 

2 thoughts on “Os sintomas da mãe que amamenta são tão importantes como os do bebé

  1. Caroline Conti says:

    Olá,

    Primeiramente, gostava de parabenizar pelo artigo. É o primeiro artigo que valoriza os sintomas da mãe a amamentar.

    Eu estou a ter muitas dificuldades e muitas dores na amamentação, já procurei ajuda de varias enfermeiras especialistas, mas nenhuma valorizou os meus sintomas, já que o meu bebé tem ganhado peso normalmente. Primeiramente foram as fissuras e gretas. Não consigo amamentar sem o auxilio do bico de silicone. Já tentei varias vezes, as enfermeiras auxiliaram na pega, mas mesmo corrigindo a pega sinto dores e no final do dia já há novas fissuras. O segundo sintoma são as mastites. Estou a amamentar há apenas 6 semanas e já tive vários episódios de mastite (pelo menos um por semana). Tomo todos os cuidados para trocar sempre a posição para amamentar, mas mesmo assim, elas aparecem, acompanhadas de gânglios nas axilas e calafrios. Felizmente tenho conseguido reverter a situação com massagens, ordenhas e compressas frias. Por último, mesmo depois de ter conseguido sarar as gretas (com o auxilio do bico de silicone), ainda sinto umas fisgadas ou choques nos seios ao amamentar e alguns minutos depois. Fui novamente a procura das enfermeiras e estas disseram que era normal e que poderia ser algum ducto inflamado.

    Pergunto-me todos os dias o que pode haver de errado, pois até agora não me sinto confortável ao amamentar, mesmo com tantos cuidados. Reparei hoje que o meu bebé tem um freio labial colado na gengiva, poderá ser a razão para tanto sofrimento?

    Agradeço antecipadamente, na esperança de que me possam auxiliar.

    Melhores cumprimentos,
    Caroline Conti

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